Separadas por quase 8.000 Km e o Oceano Atlântico, estas duas cidades têm mais em comum do que podias imaginar.
No dia 7 de Março de 1808, a corte portuguesa, a mando do então príncipe regente Dom João, desembarcou no Rio de Janeiro com uma comitiva de mais de 15 mil pessoas. Amparadas pelo exército inglês, mudaram de país a fugir da iminente invasão do imperador francês Napoleão Bonaparte. Foi assim que entre os anos de 1808 e 1821 o Rio de Janeiro se tornou a capital do reino de Portugal, sendo a primeira cidade da colônia a se tornar capital da metrópole. O período marcou grandes transformações estruturais, culturais e sociais na cidade e sua arquitetura.
212 anos se passaram, e a comunidade de imigrantes de maior expressão em Portugal na atualidade é a de brasileiros. Aos cariocas (aqueles que nasceram no Rio de Janeiro), o carinho, o conforto e a familiaridade de Lisboa não estão somente na grande quantidade de conterrâneos, mas também nos entrelaçamentos da história e nos cantinhos da cidade onde realmente pode-se perguntar – estou no Rio de Janeiro ou em Lisboa?
Dom Pedro IV de Portugal, Dom Pedro I do Brasil
Mais conhecida como Rossio, a Praça Dom Pedro IV na baixa de Lisboa possui uma estátua em pedestal do então príncipe regente. O que poucos sabem é que Dom Pedro IV mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha somente 9 anos de idade e foi ele mesmo o responsável por, no dia 7 de setembro de 1822 com somente 24 anos de idade, proclamar a beira do Rio do Ipiranga em São Paulo a famosa frase “Independência ou morte”, dando independência ao Brasil das ordens de Portugal e logo depois tornando-se o seu primeiro imperador.
No Rio de Janeiro, a estátua de Dom Pedro I, fica localizada na Praça Tiradentes (antigamente chamada de Largo do Rocio), de dimensões e importância similares ao Rossio de Lisboa.
Praça do Rio de Janeiro e Praça Príncipe Real
Com o objetivo de estreitar as relações com a república do Brasil, a praça Príncipe Real em Lisboa foi renomeada Praça do Rio de Janeiro em 1910, assim como o Largo do Rato passou a se chamar Largo do Brasil. Já em 1948, a Câmara inicia um processo de recuperação da antiga toponímia da cidade, retornando o nome da praça para Príncipe Real e o da Rua do Brasil em Largo do Rato tendo assim que encontrar um novo local para o Brasil e para o Rio de Janeiro (até então, capital do país). Assim a Avenida Alferes Malheiro passou a denominar-se Avenida do Brasil e, a avenida de ligação entre a avenida dos Estados Unidos da América e a Avenida do Brasil ficou com a designação de Avenida do Rio de Janeiro. Com a mudança da capital do Brasil para Brasília em 1960 a autarquia lisboeta decidiu mudar o nome para Avenida Brasília.
Rossio e Copacabana
“Mar largo” é o nome do padrão de desenhos que foi reconhecido internacionalmente como o calçadão de Copacabana. Os 4 km de calçada que beiram o mar de uma das praias mais famosas do mundo foram feitos em mosaico português tendo sido as pedras e a mão de obra importados de Portugal.
O que poucos sabem é que esse padrão foi inicialmente reproduzido no Rossio, em 1848, e simboliza os encontros das águas do Rio Tejo com o Oceano Atlântico.
O que hoje é internacionalmente reconhecido como a marca de Copacabana foi realizado pela primeira vez em 1910, onde as ondas eram perpendiculares a calçada. Somente na década de 70 e por iniciativa do paisagista Burle Marx é que as ondas foram colocadas paralelas ao mar, como conhecemos hoje.
O Bondinho e o Elétrico
Quem caminha pelo bairro de Santa Teresa encontra em sua arquitetura muitas similaridades com as colinas de Lisboa, em especial a da Graça. Isto porque tal como o bairro lisboeta, Santa Teresa é um morro que desemboca em várias partes da cidade.
A grande similaridade fica ainda maior ao ver o “elétrico” amarelinho passar. No Rio de Janeiro ele é chamado de Bondinho.
Embora a primeira concessão de carris no Rio de Janeiro tenha sido realizada em 1872, foi somente no ano de 1896 que os primeiros carris movidos a energia elétrica começaram circular. Já em Lisboa, a primeira carreira eletro motorizada foi inaugurada em 1901.
Assim como em Lisboa, o bondinho do Rio de Janeiro acabou por ser ocupado mais por turistas que por locais.