O termo “fake news”, que se tornou mundialmente popular em 2016 durante as eleições norte-americanas, foi utilizado pela primeira vez por uma empresa associada à campanha de Hillary Clinton.

No dia 13 de Setembro de 2016, o anúncio do combate “aos embustes maliciosos e às ‘fake news’” por parte do projecto sem fins lucrativos First Draft tornou-se na primeira vez que o termo foi utilizado no contexto actual, afirma a jornalista e autora Sharyl Attkisson.

O projecto First Draft é uma iniciativa da Google, empresa subsidiária do conglomerado Alphabet, que é presidido por Eric Schmidt.

Eric Schmidt é um conhecido democrata e financiador do Partido Democrata Norte-Americano.

Antes do anúncio da First Draft, a definição de “fake news” começava a tomar forma quando personalidades liberais se referiam a websites conservadores e de direita como o Conservative Daily Post.

O Conservative Daily Post ficou conhecido por publicar conteúdos favoráveis ao candidato republicano Donald J. Trump e prejudiciais à candidata democrata Hillary Clinton.

O jornal chegou a publicar artigos supostamente da autoria de Laura Hunter, ex-Miss Mundo, que acabou por processar o jornal.

O timing do anúncio, o facto do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter abordado o assunto um mês depois, e a constante presença do termo nos cabeçalhos dos principais meios de comunicação norte-americanos chamaram a atenção da jornalista Sharyl Attkisson.

Para a autora do livro “The Smear: How Shady Political Operatives and Fake News Control What You See, What You Think, and How you Vote, uma das formas de perceber que está a haver manipulação de massas por parte da imprensa é quando muitos meios de comunicação abordam a mesma narrativa de formas semelhantes, por vezes até com recurso às mesmas fontes, expressões ou citações.

Mas neste caso específico, “aconteceu algo que ninguém estava à espera, a campanha anti-fake news viu o tiro sair pela culatra”, afirmou a jornalista numa conferência na Universidade do Estado do Nevada.

“Sempre que os apoiantes [do movimento] alegavam ‘fake news’, Donald Trump acusava-os de fake news, até que se associou tanto ao termo que até os que o promoviam originalmente começaram a fugir dele”.

A jornalista definiu a apropriação do termo como uma “hostile takeover” por parte do actual presidente norte-americano.

Hoje em dia, o termo fake news é utilizado para descredibilizar uma publicação, normalmente desfavorável ao acusador e/ou seus associados, ou abonatória em relação a um ponto de vista oposto.

Sharyl Attkisson é uma jornalista e autora norte-americana que actualmente é pivot do programa Full Measure with Sharyl Attkisson. Foi correspondente investigativa da CBS News em Washington, pivot substituta no noticiário CBS Evening News.