É já esta sexta-feira, e a poucas de horas de distância, que ocorre o tão esperado encontro entre Kim Jong-un, presidente da Coreia do Norte, e Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul.
O líder da Coreia da Norte irá atravessar a fronteira que divide as duas Coreias a pé, onde será recebido pelo presidente sul-coreano.
Kim Jong-un torna-se assim o primeiro líder norte-coreano a pisar solo sul-coreano desde o final da guerra da Coreia em 1953.
O porta-voz da presidência da Coreia do Sul, Im Jong-seok, declarou em conferência de imprensa que os dois líderes irão caminhar durante 10 minutos até uma praça onde será feita uma revista à guarda de honra sul-coreana.
Revelou ainda que Kim Jong-un e Moon Jae-in irão tirar fotografias juntos na “Casa da Paz”, localizada na zona desmilitarizada da Coreia do Sul e onde será realizada a reunião. Apesar desta ser uma zona considerada desmilitarizada ainda contém minas terrestres, soldados armados e arame farpado.
A reunião terá inicio às 10:30 (01:30 em Lisboa). A cerimónia será ainda marcada com a plantação de um pinheiro, que data de 1953, com terra retirada dos solos e água retirada dos rios dos dois territórios.
“Paz e prosperidade são plantadas”. Será esta a frase gravada em pedra ao lado do pinheiro, juntamente com a assinatura dos dois líderes. As reuniões continuarão durante a tarde e à noite irá decorrer um banquete. Esta reunião estará rodeada de simbolismo, já que esta será a primeira vez em 11 anos que líderes dos dois países se reuniram. Sendo que as reuniões anteriores decorram ambas em Pyongyang, em 2000 e 2007, respetivamente.
A desnuclearização da península, a melhoria das relações e a paz entre as duas Coreias serão os principais temas da reunião. Espera-se ainda que os dois líderes estableçam um tratado que irá, formalmente, por fim à guerra entre os dois territórios.
Im Jong-seok salienta, no entanto, que “o mais complicado será perceber como os dois líderes vão chegar a acordo sobre as intenções de desnuclearização norte-coreanas e de que forma é que isso será firmado na prática”. Acrescenta ainda que “o objetivo de Seul é que o documento assinado entre Kim Jong-un e Moon Jae-in vá além dos acordos anteriores firmados (1992 e 2000) entre os dois países em relação à desnuclearização”. Apesar de tudo, o porta-voz sul-coreano acredita que o desfecho terá “luz verde”.
Ao contrário do que ocorreu no passado, a delegação norte-coreana irá incluir nove altos funcionários, incluíndo Kim Yo-Jong, irmã de Kim Jong-un, que também foi delegada nos Jogos Olímpicos de Inverno. Kim Yong-nam, chefe de estado da Coreia do Norte, também irá marcar presença, juntamente com militares de alta patente. Esta decisão apanhou os representantes da Coreia do Sul de surpresa e consideram a mesma como o Norte a olhar para o encontro com Washington que estará previsto ocorrer entre maio e junho de 2018.
Kim Jong-un já se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, que revelou, no passado dia 28 de março, que o líder norte-coreano se mostrou aberto a encontros e negociações que visam o abandono das armas nucleares. Iniciativa esta que foi elogiada pelo presidente Donald Trump na rede social Twitter. O presidente americano espera ainda ver as duas Coreias “juntas e em paz”.
For years and through many administrations, everyone said that peace and the denuclearization of the Korean Peninsula was not even a small possibility. Now there is a good chance that Kim Jong Un will do what is right for his people and for humanity. Look forward to our meeting!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 28, 2018
Received message last night from XI JINPING of China that his meeting with KIM JONG UN went very well and that KIM looks forward to his meeting with me. In the meantime, and unfortunately, maximum sanctions and pressure must be maintained at all cost!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 28, 2018
Não se sabe ainda se os dois líderes irão divulgar os resultados da cimeira da próxima sexta-feira.
Texto: João Estanislau