Funcionam muitas vezes como um ponto de apoio para ir pôr e buscar à escola, ou mesmo para ficar em casa com os netos nos primeiros meses de vida. Mas são, na verdade, muito mais que isso.

A Avó Conceição, ou Avó Ção como lhe costumo chamar, é uma mulher de 82 anos que vive sem pensar no dia da partida. A Avó Ção é aquela que sorri quando vê o carro dos netos a estacionar, é aquela que os recebe com beijos barulhentos no rosto e que com um sorriso de orelha a orelha nos diz: “meus queridos, que saudades!”. Mas também é aquela que sente o coração apertado e a estremecer quando nos vê a partir, correndo para a janela só para ouvirmos um “tenham cuidado, não falem com estranhos!”.

A Avó Ção é viúva e mora sozinha. Usa cores, cores alegres, tal como ela. É linda, independente e extrovertida. Passar o dia com ela é sorrir, almoçar bem, – em grandes quantidades –, e é vê-la fazer tricô durante horas e horas. Mas, principalmente, é sentir que estamos a fazê-la feliz só de estarmos ali, ao lado dela. E eu cá não me importo nada de lhe fazer essa vontade.