É entre o Vale do Rio Cávado e a Serra do Gerês que se ergue Amares, uma pequena vila do distrito de Braga, conhecida pelos seus mosteiros e pela laranja, suculenta e de Verão.

Amares está à porta do Gerês e integrada numa zona montanhosa de feição maioritariamente rural. Com uma área com cerca de 80km², foi berço de personagens de relevo da nossa história. Dom Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e Pombal, António Variações, vulto incontornável da música portuguesa e foi, também, a vila que o poeta Sá de Miranda escolheu para viver.

Há traços da ocupação Romana em alguns pontos do município, como uma via que ligava Braga a Astorga (Espanha) ou as Termas de Caldelas. Há também paisagens e monumentos de beleza ímpar, gastronomia de deixar água na boca e vinho verde fresco, para acompanhar.

Entre o património natural e histórico

A vila está rodeada de natureza quase em estado puro e Amares é, por isso, um exemplo vivo da região minhota, caracterizada por um verde até perder de vista. Por vezes a paisagem é interrompida com monumentos históricos de grande valor, aos quais é impossível ficar indiferente. O Mosteiro de Santo André de Rendufe e o Mosteiro de Santa Maria de Bouro, ambos antigos mosteiros Beneditinos – a mais antiga ordem religiosa católica de clausura monástica – e o Santuário da Senhora da Abadia são alguns dos pontos de maior interesse.

Dois dos marcos paisagísticos naturais são o Rio Cávado e o Rio Homem que, com as suas águas límpidas, permitem passeios, mergulhos e diversas actividades nas suas margens. Sobre eles, encontramos ainda outros importantes vestígios da época medieval, na forma de pontes: a Ponte do Porto e a Ponte de Rodas.

Entre laranjas, papas de sarrabulho e vinho verde

Conhecida como a terra da laranja, é nos meses sem “r”, de Maio a Agosto, que a laranja de Amares é mais saborosa. Conta a lenda de que esta laranja tem origem na China e, por isso, é mais doce do que as existentes no território português, no século XVI. Mito ou não, a verdade é que o fruto tem um enorme impacto na gastronomia local e é utilizada ao natural, em refrescos, a acompanhar especialidades locais ou até em doces ou compotas regionais, como é o caso da marca Quelha Branca que faz da laranja o ex-libris do negócio. “É uma matéria-prima diferenciadora pelas suas características únicas. O solo e o microclima de Amares estão na origem deste produto extraordinário principalmente nos locais com vertentes viradas a sul. A laranja de Amares para além da sua casca fina é mais pequena, mais sumarenta e com mais vitamina C em relação a outras que se encontram no mercado”, explica a proprietária e gerente da marca.

Outro dos protagonistas é o vinho verde, fruto das profundas tradições vitivinícolas da localidade. A principal casta produzida é a de Loureiro, embora também se produzam outras. Leve e aromático, é um dos maiores aliados de uma gastronomia variada que vai das Papas de Sarrabulho aos Rojões à “Minhota”, passando pelo arroz de “Pica no chão” ao Bacalhau à Narcisa.

Às portas da vila

À entrada do Parque Nacional Peneda-Gerês há uma paisagem de paragem obrigatória: a antiga aldeia de Vilarinho das Furnas. Intencionalmente afundada em 1971 para, no lugar dela, nascer uma barragem, é possível ver as suas ruínas quando as águas da barragem baixam.

O seu vislumbramento é quase místico, quer pela curiosidade que nos ocorre quando vemos as ruínas, quer pelo próprio enquadramento paisagístico.

Considerado Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO, e um dos pontos turísticos mais importantes de Portugal, o Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG) é um local de visita indispensável.

Com uma extensão que atravessa os distritos de Braga, Viana do Castelo e Vila Real, num total de vinte e duas freguesias, é possível observar diversas espécies animais, mergulhar nas águas transparentes de cascatas, caminhar pelos inúmeros trilhos, contemplar pontes medievais, visitar centros de grandes romarias e peregrinações, como o Santuário de São Bento da Porta Aberta, entre tantas outras actividades.

Casa de corços (símbolo do PNPG), lobos ibéricos, águias reais ou cavalos selvagens, as paisagens são de tirar o fôlego.

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Gerês | Foto: Catarina Pimentel

Recomendações e comentários à parte, o convite está feito. Há um potencial imenso nesta zona do Norte do país, com tanto por descobrir e saborear. Por isso, da próxima vez que pensar em viajar e/ou estiver perto destas localidades, faça-lhes uma visita. Há quem garanta que quando vai uma vez, vai muitas mais… Quer experimentar?