Talvez o berço da humanidade, a ancestral Abissínia, a actual Etiópia tenha sido o berço do café, mas não existem certezas, existem sim muitas lendas

Uma das Lendas é a de que a bebida terá sido criada pelo Arcanjo Gabriel para dar forças a Maomé que, depois de a beber se tornou capaz de derrubar quarenta cavaleiros, e conquistar igual número de donzelas. Outra das lendas conta a história de um padre que foi enviado para as montanhas do Iémen, como punição, por ter tido uma má conduta para com a filha do seu rei. Neste país terá encontrado as belas árvores de flores brancas, e com as suas bagas terá feito uma infusão. Durante uma peregrinação a Meca terá curado alguns peregrinos que padeciam de doenças de pele, mais tarde foi considerado o padroeiro dos produtores, das casas e dos consumidores de café.

Porém a lenda mais conhecida é a que fala num jovem pastor chamado Kaldi, que tomava conta do seu rebanho de cabras numa montanha árida e ressequida na Abissínia, hoje Etiópia, onde somente algumas pobres moitas esqueléticas conseguiam incrustar suas raízes nas rochas. Durante a noite observou que, alguns de seus animais desapareciam atrás da montanha durante algumas horas, e voltavam alegres e saltitantes, Kaldi ficou irrequieto, pois estava convencido que suas cabras estavam possuídas pelo diabo. Uma noite ele seguiu os seus animais e viu-os a pastarem com um notável prazer, comendo os pequenos grãos vermelhos que se encontravam sob um arbusto que nunca tinha visto. Ao fim de alguns minutos de uma refeição imprevista, as cabras e o “velho bode” começaram a dançar à luz da lua. Kaldi recolheu alguns grãos e comeu-os com tanto prazer que ficou na sua boca uma agradável sensação de frescura. O resultado foi inesperado, tal como os carneiros, começou a dançar, e diz-se nunca ter existido na Terra um pastor tão alegre com este. Kaldi comentou o caso com um monge da região, que movido pela curiosidade decidiu experimentar as ditas bagas. O monge apanhou as frutas que levou consigo até ao mosteiro onde começou a utilizar os frutos numa forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava, ou nas suas longas horas de leitura. Esta descoberta espalhou-se rapidamente entre os mosteiros, criando uma larga procura pela bebida. As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez em mosteiros islâmicos no Iémen

 Rhazes um médico menciona a existência desta árvore que foi cultivada de forma deliberada durante séculos. Esse médico fala sobre uma bebida chamada buncham. Por volta do ano 1000 CE um outro médico árabe de nome Avicenna também escreveu sobre buncham. Este escreveu que esta bebida fortificava os membros, limpava a pele, e dava um excelente cheiro ao corpo, mas pensava-se que era uma raiz.

Supõe-se que estes dois médicos escreviam sobre o café, essa certeza só é reconhecida a partir do momento em que alguém torrou os grãos e os moeu e com eles fez uma infusão. A infusão que chegou aos nossos dias.

Os Etíopes continuam a servir café numa cerimónia muito elaborada que demora perto de uma hora e que é rica em aroma e sabor.