Considerado por muitos o último mestre do cinema italiano, o cineasta, produtor, guionista e poeta Bernardo Bertolucci morreu esta segunda-feira, 26 de novembro, após ter perdido a batalha contra o cancro. Para a memória ficam verdadeiras obras-primas, aclamadas pelo público e pela crítica, e mais de 50 anos de carreira – que o tornaram um realizador reconhecido à escala mundial.

Com apenas 20 anos, Bertolucci entrava no mundo da sétima arte pela mão de Pier Paolo Pasolini, figura incontornável do cinema transalpino, e com 22 dava os primeiros passos como realizador. La Commare Secca, a primeira longa-metragem realizada pelo “último mestre”, em 1962, não entusiasmou a crítica mas, dez anos anos depois, em 1972, com a realização de O Último Tango em Paris, tornava-se referência mundial.

O Conformista, de 1970, é outra grande marca de Bertolucci mas foi com O Último Imperador, de 1987, que conquistou a indústria cinematográfica, arrecadando os Óscares de melhor filmemelhor diretormelhor roteiro adaptadomelhor fotografiamelhor direção de artemelhor figurinomelhor ediçãomelhor banda sonora e melhor som – todas as categorias para as quais estava nomeado.

Para trás fica 1900, de 1978, um filme não menos importante para quem quer entender o génio do aclamado realizador.

Conheça os trailers de cinco filmes que ajudam a compreender o cineasta:

DO CINEMA INTROSPECTIVO ÀS GRANDES PRODUÇÕES.

La Commare Secca, 1962.


Não é o filme mais brilhante de Bertolucci, a julgar pelo público e pela crítica, mas destaca-se por ser o primeiro. Baseada numa história de Pasolini – e fortemente influenciada por este -, a longa-metragem conta a história do assassinato de uma prostituta através dos episódios na vida dos vários suspeitos, detidos por estar nas redondezas à hora do crime.

 

O Conformista, 1970.

Oito anos após a estreia, o realizador recebia a sua primeira nomeação para os Óscares (Melhor Roteiro Adaptado), com a história de um homem “conformado” que se torna fascista, e recebe como missão matar um seu antigo professor, tornado dissidente político numa Itália profundamente fascista.

 

O Último Tango em Paris, 1972.

Com um filme controverso sobre uma relação secreta assente no sexo, entre uma jovem parisiense e um norte-americano de meia idade, protagonizado por Marlon Brando e Maria Schneider, Bertolucci consegue nova nomeação da Academia – desta feita para o Óscar de Melhor Realizador.

 

1900, 1976.

Durante mais de cinco horas de filme, Bertolucci faz uma retrospectiva da luta de classes italiana ao longo de quase 50 anos de história do país – com início no ano de 1900. A narrativa desenrola-se com o nascimento de duas crianças, oriundas de contextos sociais diferentes – latifundiários e rendeiros -, que se tornam amigos mas cuja fractura social e os acontecimentos históricos os levam a confrontarem-se e a terem percursos de vida muito diferentes.

 

O Último Imperador, 1987.

Talvez um dos melhores filmes do realizador transalpino, e certamente o mais premiado, O Último Imperador conta a história do último imperador da China e foi o primeiro filme ocidental totalmente gravado no país asiático. Com esta longa-metragem, Bertolucci arrecada todos os oito Óscares para os quais tinha sido nomeado, incluindo o de Melhor Filme e de Melhor Realizador – tornando-o no primeiro realizador italiano a conseguir o desejado galardão atribuído por Hollywood.