Esqueça James Cook. Parece que, afinal, foram os portugueses a descobrir o continente australiano 250 anos antes daquilo que é versão oficial. Num livro lançado em 2007 por Peter Trickett, intitulado “Para além de Capricórnio”, defende-se que o navegador português Cristovão de Mendonça esteve na costa da Austrália em 1522.

O jornalista australiano Peter Trickett contraria a versão ensinada nas escolas, que diz ter sido o marinheiro britânico James Cook a descobrir a Austrália em 1770, declarando que foram os navegadores portugueses os primeiros a ancorar. O autor fundamenta a sua tese com base no Atlas Vallard, um documento produzido no norte de França, em 1547, onde se encontram dois mapas, nomeados como Terra de Java, representando um continente desconhecido que se assemelha à Austrália. Nestes mapas surge ortografia portuguesa e francesa, assim como mais de 100 nomes de locais em português, entre os quais de santos cristãos com clara ligação à igreja portuguesa do século XVI.

Cristovão de Mendonça terá saído do porto de Cochim, no sul da Índia, em 1521, seguindo ordens do Rei D. Manuel I, à procura da “Ilha de Ouro”, citada nos relatos de Marco Polo, e que se acreditava estar para lá da Ilha de Sumatra. O mapa Vallard sugere que a frota terá navegado até ao norte da Austrália, próxima da atual Darwin, antes de virar para sudoeste, cartografando toda a costa oeste. E, no ano seguinte, após paragem para reabastecimento em Malaca, terá navegado junto à costa leste e grande parte da costa sul.

A falta de documentação desta expedição deve-se à política sigilosa que imperava no reinado português. Tal como sucedido com a descoberta do Brasil, o Rei D.Manuel I optava por manter as descobertas em segredo, receando as outras potências europeias.

 

Descobertas que fundamentam a presença portuguesa

A teoria defendia por Peter Trickett não é nova, nem única. Em 1977, Kenneth McIntyre lançou o livro “A Descoberta da Austrália”, onde é também apresentada a teoria de que os portugueses terão descoberto terras australianas quando em busca da Ilha do Ouro de Marco Polo.

E existem , de facto, vestígios arqueológicos que fundamentam a presença portuguesa neste continente. Em 2010, um rapaz de 13 anos encontrou um canhão português do século XVI numa praia remota no norte do país.

Já em 2014, a New York Gallery adquiriu uma série de documentos do século XVI, Les Enluminures, onde, em cartas portuguesas, surge um desenho que se assemelha à imagem de um canguru.

Além dos mapas de origem portuguesa, Peter Trickett também aponta o aparecimento de dois potes de cerâmica de estilo português, em mares australianos. Um deles foi datado como sendo do ano 1500, o outro aguarda datação.

Numa área arqueológica de Fraser Island, em Queensland, cita-se também a descoberta de um peso de pesca com 500 anos.

Esta é apenas um das muitas teorias que refutam a descoberta da Austrália por James Cook. Há quem defenda que os primeiros europeus a chegar ao continente foram espanhóis outros dizem que foram os holandeses.

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